sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Empregos formais melhoram resultados e segurança jurídica

Vagner Jaime Rodrigues *

É animador constatar que, apesar do baixo crescimento econômico, o Brasil continua com uma das menores taxas de desemprego do mundo e ampliando o índice de trabalhadores registrados em carteira. A positiva tendência é corroborada pelos números mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged): em abril, criaram-se 196.913 empregos formais no País, 0,49% a mais em relação ao mês anterior. No acumulado do ano, a expansão foi de 1,39%, significando acréscimo de 549.064 postos de trabalho. Desde janeiro de 2011, foram gerados 4.139.853, representando aumento, no período, de 9,39%.
            Tais estatísticas têm um recorte especialmente interessante, relativo aos pequenos negócios. Estes, segundo levantamento do Sebrae baseado no Caged, foram responsáveis por 59,5 mil dos empregos criados em abril, ou seja, mais de 30% do total. Os dados confirmam a sua importância para o mercado de trabalho, a economia nacional e, o que é muito relevante, a maior formalização das relações trabalhistas.

Fica evidente que o processo contínuo de regularização de empresas e a crescente adesão ao Simples Nacional têm contribuído para que mais e mais trabalhadores migrem da informalidade para as carteiras assinadas. Cada funcionário registrado aparece nas estatísticas como um emprego criado, fator que também contribui para o desempenho estatístico positivo que têm caracterizado o mercado brasileiro de trabalho.

O registro em carteira é o melhor caminho para se estabelecer uma relação mais saudável entre empresas e trabalhadores. Ao propiciar aos seus recursos humanos o acesso à Previdência e a todas as garantias atreladas ao trabalho formal, as organizações têm como primeiro valor agregado o maior comprometimento dos colaboradores com suas metas. O vínculo faz com que o funcionário sinta-se mais integrado e estimulado a contribuir para o sucesso duradouro do empreendimento. Esse processo de valorização dos recursos humanos passa, também, pela qualificação da mão de obra. À medida que as empresas registram seus colaboradores, estabelecendo vínculos mais efetivos com eles, o seu aprimoramento e treinamento tornam-se ainda mais relevantes. Trata-se de um grande diferencial competitivo num mercado de trabalho no qual ainda há profissionais despreparados, inclusive para atividades corriqueiras. 

Por outro lado, a formalização do vínculo reduz os conflitos e evita que muitas situações acabem sendo decididas na Justiça do Trabalho, com grande prejuízo para as empresas e desgastes para os trabalhadores. Ainda é muito grande a quantidade de ações trabalhistas no Brasil. Em 2012, ingressaram 2,24 milhões de processos nas 1.440 Varas de Trabalho do País, aumento de 5,1% em relação a 2011. Parte disso deve-se a pedidos de reconhecimento de vínculo empregatício.

O registro em carteira não impede o trabalhador de recorrer à Justiça, mas reduz bastante esse ímpeto e, quando ocorre um processo, amplia bastante as possibilidades de defesa e ganho de causa por parte das empresas. Por tudo isso, não basta registrar os colaboradores. Também é necessário gerenciar com eficácia a área de recursos humanos, de modo que todos os requisitos legais sejam atendidos de modo correto.

É necessário, sobretudo, colocar em prática o discurso da moda de que o capital humano é o patrimônio mais valioso das empresas. E é mesmo! Por isso, vamos cuidar bem dele. Nesse sentido, a melhor alternativa de vínculo continua sendo o registro em carteira. Isso não elimina a discussão dos setores produtivos e de toda a sociedade quanto à necessidade de uma reforma trabalhista. Porém, enquanto ela não chega, é prudente atender às disposições da sessentona CLT.


*Vagner Jaime Rodrigues é mestre em contabilidade, professor universitário e sócio da TG&C - Trevisan Gestão & Consultoria e da Efycaz Trevisan - Aprendizagem em Educação Continuada.

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