Inicialmente
desenvolvidos nos Estados Unidos com a finalidade de realizar cirurgias à
distância nos soldados americanos, os robôs cirúrgicos mostraram um
aprimoramento do que era a videocirurgia, apresentando uma série de vantagens.
Assim, foram introduzidos na medicina cotidiana. Já muito frequentes
internacionalmente, as cirurgias com robôs começam a crescer no cenário
nacional. Em 2008, o Brasil contava com apenas um robô cirúrgico; atualmente, o
número aumentou para sete e estima-se que, nos próximos dois anos, esse volume
cresça ainda mais.
Dr. Ricardo
Mingarini Terra, coordenador de cirurgia torácica do Instituto do Câncer do
Estado de São Paulo e presidente do departamento de Cirurgia Torácica da
Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), é um dos médicos no
Brasil que está no início desta tecnologia. Ele conta que os pacientes ficam
muito curiosos com a possibilidade de fazerem uma cirurgia robótica.
“Eles acham que é
um ‘robô humano’ que vai operá-los.”
Na verdade, os
chamados robôs são máquinas que reproduzem os movimentos que o cirurgião faz em
um console. Ou seja, diferente do que se pode imaginar, a máquina não faz nada
sozinha.
Durante a
cirurgia, em vez de ficar dentro do campo cirúrgico, o cirurgião fica ao lado
mexendo em um joystick.No
campo operatório, fica outro cirurgião, que tem a função de auxiliar alguns
movimentos como, por exemplo, a troca de pinças do robô, além de dar auxílio
caso ocorram eventuais problemas. Segundo Dr. Terra, problemas durante o
procedimento são raros, mas a presença do cirurgião no campo cirúrgico é
importante por uma questão de segurança.
O cirurgião também
relatou que esse tipo de cirurgia é mais confortável para o paciente quando
comparada à cirurgia aberta, pois dispensa a abertura do tórax, o que leva a
menor agressão e menos dor. Outra vantagem é que o robô tem mecanismos que
permitem maior amplitude de movimentos, além de filtrar os movimentos do
cirurgião e deixá-los mais precisos e delicados. No caso da cirurgia torácica,
o cirurgião manuseia o console que reproduz os movimentos nas mãos do robô
dentro do tórax.
“Ao invés de fazer
as incisões que antes fazíamos para a retirada de tumores dentro do tórax, com
o robô, conseguimos utilizar pequenas incisões que não precisam do afastamento
das costelas. Isso também pode ser feito por meio de toracoscopia, mas a
precisão dos passos cirúrgicos é muito maior com o robô, pois ele filtra o
tremor e permite uma maior mobilidade dos instrumentos dentro do tórax, além de
proporcionar a visualização das estruturas com a câmera robótica, o que torna a
cirurgia mais segura e mais precisa.”
Mesmo com essa
precisão, o médico contou que os cirurgiões estão aguardando outra novidade nos
próximos robôs cirúrgicos: a sensação tátil que será transferida através da
“mão” do robô. Atualmente, o equipamento não passa essa sensação, mas a melhora
do tato é algo que já está sendo desenvolvida e esperada com muita ansiedade
pelos médicos.
É importante
ressaltar que a grande vantagem da cirurgia robótica é o fato de ser uma cirurgia
minimamente invasiva, ou seja, ela provoca uma menor agressão ao paciente, pois
evita abertura da parede do tórax e o afastamento das costelas. Por outro lado,
sua grande desvantagem é o custo elevado, visto que cada equipamento custa
cerca de 2,5 milhões de reais, fazendo com que a cirurgia possa chegar a mais
de R$ 20 mil.Dentro da realidade brasileira, esse é um ponto importante. Ainda
assim, dr. Terra ressaltou que a cirurgia minimamente invasiva representa uma
evolução clínica muito grande e, sempre que possível, recomenda esta opção ao
invés de uma cirurgia convencional devido às suas vantagens.
“Ainda hoje, no
Brasil,é temerário dizer que a cirurgia robótica veio para substituir a
cirurgia minimamente invasiva feita por meio de toracoscopia, pois não temos
resultados de estudos comparativos. A tecnologia é, no entanto, uma evolução
que já chegou ao país e que, provavelmente, trará a comprovação de vantagens ao
longo do tempo. Vários médicos fizeram treinamento para manusear robôs
cirúrgicos, mas ainda não são muitos que estão fazendo a cirurgia robótica de
rotina. O começo é sempre assim, mas depois a estrutura vai se organizando, a
cultura vai mudando e com isso os procedimentos vão aumentando em número.”
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