domingo, 5 de agosto de 2018

Agosto: Mês da Conscientização da Esclerose Múltipla

Diagnóstico precoce acontece pelos olhos

As janelas da alma podem dar os primeiros sinais visíveis da 
doença neurológica, crônica e autoimune 



As consultas de rotina com o oftalmologista vão muito além da necessidade de usar óculos ou de ajustar o grau das lentes. É pela consulta clínica com o especialista que muitas doenças graves podem ser diagnosticadas pelos olhos, de forma precoce, como o caso da esclerose múltipla, uma condição inflamatória com manifestação ocular.  O dia 30 de Agosto marca o Dia Nacional da Conscientização sobre a Esclerose Múltipla e todo o mês é marcado por ações voltadas ao tema. A oftalmologista e pós-graduada em Medicina Integrativa, Cláudia Benetti, alerta para a importância de se observar a saúde por meio dos olhos.
“Os olhos como as janelas da alma, realmente, manifestam condições de saúde que podem aparecer primeiro ali e já serem um sinal de alerta. Geralmente, no caso da esclerose múltipla, o diagnóstico precoce é feito mesmo pelo oftalmologista, pois o nervo óptico costuma ser o que apresenta sintomas mais agudos e há uma facilidade na avaliação, pois dispensa exames mais elaborados em um primeiro momento. Como médica integrativa, também vejo o paciente como todo e analiso as várias questões da sua vida que podem estar relacionadas ao problema que ele descreve. Assim, temos mais subsídios para trata-lo como um ser único e integrado”, explica a médica. 
entendimento de que algumas doenças ou condições congênitas graves podem ser vistas pelos olhos e de que eles são sua primeira apresentação visível não só ajudam no diagnóstico precoce como também antecipam ou evitam complicações. No caso da esclerose múltipla, doença que atinge o sistema nervoso, a desmielinização aguda (quando a bainha de mielina dos neurônios é danificada) afeta o nervo óptico, desencadeando um processo inflamatório, que pode ser uma neurite óptica. Os sintomas são baixa aguda na visão e sensação de perda de luminosidade, mesmo que o ambiente esteja bem iluminado e que não tenha tido alteração das lâmpadas ou de cores na parede.

“Importante ressaltar que nem toda neurite óptica trata-se de esclerose múltipla, mas quando há episódios repetidos, precisamos investigar. A esclerose não tem cura, mas sua abordagem precoce pode trazer qualidade de vida aos pacientes, com crises cada vez menos frequentes e, assim, com progresso mais lento”, destaca Cláudia.  Estudos apontam que metade dos pacientes com primeiro episódio de neurite óptica, mas nenhum outro sinal de esclerose múltipla, possui lesões desmielinizantes na ressonância magnética. As pesquisas apontam também evidências de neurite óptica presente ou passada em 70% dos pacientes com a doença já diagnosticada. 

Sobre a Esclerose Múltipla
O levantamento mais recente sobre a doença autoimune é o Atlas da Esclerose Múltipla, produzido pela Federação Internacional de Esclerose Múltipla (MSIF), em parceria com a ABEM e outras associações em 101 países.A pesquisa mapeou 2,3 milhões de pacientes em 2013, em todas as regiões do globo. Cerca de 85% deles apresentam esclerose múltipla do tipo remitente recorrente, 10% do tipo progressiva primária e 5% progressiva secundária. Trata-se de uma doença crônica que contribui para uma deficiência neurológica e, a longo prazo, para a invalidez. Placas inflamatórias destroem a camada que recobre e isola as fibras nervosas (camada de mielina) do Sistema Nervoso Central. 

Dra. Cláudia Benetti
Formada pela PUC-Campinas, especialista em Oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), pós-graduada em Medicina Chinesa e Acupuntura pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e pós-graduada em Medicina Integrativa pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

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