Diagnóstico precoce acontece pelos olhos
As janelas da alma podem dar os primeiros sinais visíveis da
doença neurológica, crônica e autoimune
As
consultas de rotina com o oftalmologista vão muito além da necessidade
de usar óculos ou de ajustar o grau das lentes. É pela consulta clínica
com o especialista que muitas doenças graves podem ser diagnosticadas
pelos olhos, de forma precoce, como o caso da esclerose múltipla, uma
condição inflamatória com manifestação ocular. O dia 30 de Agosto marca
o Dia Nacional da Conscientização sobre a Esclerose Múltipla e todo o
mês é marcado por ações voltadas ao tema. A oftalmologista e
pós-graduada em Medicina Integrativa, Cláudia Benetti, alerta para a
importância de se observar a saúde por meio dos olhos.
“Os
olhos como as janelas da alma, realmente, manifestam condições de saúde
que podem aparecer primeiro ali e já serem um sinal de alerta.
Geralmente, no caso da esclerose múltipla, o diagnóstico precoce é feito
mesmo pelo oftalmologista, pois o nervo óptico costuma ser o que
apresenta sintomas mais agudos e há uma facilidade na avaliação, pois
dispensa exames mais elaborados em um primeiro momento. Como médica
integrativa, também vejo o paciente como todo e analiso as várias
questões da sua vida que podem estar relacionadas ao problema que ele
descreve. Assim, temos mais subsídios para trata-lo como um ser único e
integrado”, explica a médica.
O entendimento de
que algumas doenças ou condições congênitas graves podem ser vistas
pelos olhos e de que eles são sua primeira apresentação visível não só
ajudam no diagnóstico precoce como também antecipam ou evitam
complicações. No caso da esclerose múltipla, doença que atinge o sistema
nervoso, a desmielinização aguda (quando a bainha de mielina dos neurônios é danificada) afeta
o nervo óptico, desencadeando um processo inflamatório, que pode ser
uma neurite óptica. Os sintomas são baixa aguda na visão e sensação de
perda de luminosidade, mesmo que o ambiente esteja bem iluminado e que
não tenha tido alteração das lâmpadas ou de cores na parede.
“Importante
ressaltar que nem toda neurite óptica trata-se de esclerose múltipla,
mas quando há episódios repetidos, precisamos investigar. A esclerose
não tem cura, mas sua abordagem precoce pode trazer qualidade de vida
aos pacientes, com crises cada vez menos frequentes e, assim, com
progresso mais lento”, destaca Cláudia. Estudos apontam que metade dos
pacientes com primeiro episódio de neurite óptica, mas nenhum outro
sinal de esclerose múltipla, possui lesões desmielinizantes na
ressonância magnética. As pesquisas apontam também evidências de neurite
óptica presente ou passada em 70% dos pacientes com a doença já
diagnosticada.
Sobre a Esclerose Múltipla
O levantamento mais recente sobre a doença autoimune é o Atlas da Esclerose Múltipla, produzido pela Federação Internacional de Esclerose Múltipla (MSIF), em parceria com a ABEM e outras associações em 101 países.A
pesquisa mapeou 2,3 milhões de pacientes em 2013, em todas as regiões
do globo. Cerca de 85% deles apresentam esclerose múltipla do tipo
remitente recorrente, 10% do tipo progressiva primária e 5% progressiva
secundária. Trata-se
de uma doença crônica que contribui para uma deficiência neurológica e,
a longo prazo, para a invalidez. Placas inflamatórias destroem a camada
que recobre e isola as fibras nervosas (camada de mielina) do Sistema
Nervoso Central.
Dra. Cláudia Benetti
Formada
pela PUC-Campinas, especialista em Oftalmologia pelo Conselho
Brasileiro de Oftalmologia (CBO), pós-graduada em Medicina Chinesa e
Acupuntura pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e pós-graduada em
Medicina Integrativa pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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