terça-feira, 6 de agosto de 2013

Guitarrista do Black Sabbath revela ser neto de brasileira

Em Iron man, Tony Iommi fala de tudo aquilo que se espera ler na biografia de um rock star: sexo, drogas, rock’n’roll, encontros memoráveis e, claro, muita excentricidade.

Os integrantes do Black Sabbath voltaram aos noticiários com força total nos últimos tempos. Primeiro, o anúncio do fim do jejum de 21 anos sem show da banda aqui no Brasil (eles se apresentam no país em outubro deste ano); depois, o lançamento do disco 13, que marcou o retorno do vocalista Ozzy Osborne depois de 35 anos longe do Black Sabbath. Os fãs esperavam com tanto entusiasmo por esse disco que, rapidamente, ele alcançou o topo da Billboard nos Estados Unidos. Há 43 anos um disco do Black Sabbath não chegava lá. Mas nem todas as notícias foram boas. No início de 2012, o guitarrista Tony Iommy foi diagnosticado com linfoma e ainda luta contra a doença.


Tony é o único integrante que permanece na banda desde a sua formação inicial, em 1969. Nessa condição, se não protagonizou, testemunhou todas as histórias, sucessos e fracassos do Black Sabbath. Portanto, ninguém melhor do que ele para falar como foram os encontros, as brigas, os episódios envolvendo sexo, drogas e, claro, muito rock´n’roll. E ele fez isso. Contou tudo em sua autobiografia intitulada Iron Man – minha jornada com o Black Sabbath (Planeta, 400pp, R$ 39,90). O livro tem todos os elementos que os fãs esperam ler sobre o seu ídolo: a formação do Black Sabbath, as turnês insanas, os três casamentos, as bebidas, as drogas, as brigas, a criação dos lendários riffs e as histórias mais malucas que se possa imaginar.

A linguagem segue pelo mesmo caminho: é leve, informal, coloquial, divertida e cheia de palavrões. O livro traz ainda um caderno de imagens coloridas que ilustram desde a sua infância na Inglaterra até shows mais recentes.

Já no início da biografia, Tony revela o que poucos fãs do Brasil sabiam: sua avó paterna era brasileira. O Brasil, aliás, é cenário de alguns trechos do livro. Tony relembra, com emoção, dos shows que fizeram em 1992 em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro: “os shows eram gigantescos. Foi meio louco. Houve um show em que nos borramos de medo. A multidão se empolgou demais e começou a invadir o palco”.

Foi em São Paulo, nessa mesma turnê, que Geezer Butler (baixista) se embebedou no bar do hotel onde estavam hospedados e se desentendeu, veja só, com uma grande estátua de bronze que ficava no centro do saguão. “Quando bebe demais, Geezer pode se tornar um tanto violento. No entanto, ele escolheu a pessoa errada. Não dava para acreditar: o olho dele ficou inchado como um balão”, conta Iommi sobre o episódio.

Já no começo, o primeiro grande problema
Em 1965, Tony tinha 17 anos e trabalhava em uma fábrica de chapas de metal. Foi quando pintou a primeira grande oportunidade da sua vida: a sua nova banda, The Birds & The Bees, tinha sido contratada para fazer uma turnê pela Europa. Empolgado com o convite, Tony pediu demissão. No entanto, no último dia de trabalho, um acidente quase aniquilou com os seus sonhos de se tornar um grande guitarrista: por distração, Tony acionou uma enorme prensa industrial que decepou a ponta de dois dedos da sua mão direita.

Para muitos, esse fato deu a profundidade e o tom soturno que são característicos do som do Black Sabbath. “Eu admito, dói para caramba tocar guitarra bem nos ossos dos meus dedos decepados, e precisei reinventar meu estilo para me adaptar à dor”, conta. Além disso, Tony criou, ele mesmo, um dedal feito de couro que o ajuda muito a driblar a dor e a sua limitação. “É primitivo, mas funciona. Dá muito trabalho fabricá-los e mais trabalho ainda tocar com eles, porque não dá para sentir nada. Para que funcione, preciso praticar muito”, conta.

O Black Sabbath
O embrião do Black Sabbath foi a banda Earth, cuja formação era: Tony Iommi, Ozzy Osborne (que Tony conhecia do colégio), Bill Ward e Geezer Butler. Com poucas semanas de estrada, a banda abriu o show do Jethro Tull, que já fazia algum sucesso na época. O visual, de acordo com o próprio Tony, não era dos melhores: “não tínhamos dinheiro para termos uma boa aparência. Ozzy costumava andar descalço, vestia a parte de cima de um pijama e um pedaço de couro em torno do pescoço”.

No livro, Tony conta que já havia outra banda chamada Earth e, por isso, resolveram mudar o nome. “A ideia de Ozzy era Jimmy Underpass and the Six Way Combo. Que nome exagerado! Geezer sugeriu Black Sabbath e simplesmente soou como um bom nome para se usar”, conta como nasceu uma das maiores bandas de heavy metal de todos os tempos. O show de estreia da banda com o nome de Black Sabbath foi no dia 30 de agosto de 1969, em Workington.

O primeiro grande sucesso veio quando o grupo entrou para o selo Vertigo Records e lançou, no dia 13 de fevereiro de 1970, o álbum Black Sabbath, que alcançou a sétima colocação na lista de maiores sucessos da Inglaterra na época.

Em 1977, a banda finalizou a sua turnê mundial do álbum Technical Ecstasy e foi também o início do fim de uma era com Ozzy Osborne. “Ozzy saiu da banda. Ele simplesmente não queria mais participar. Foi um período muito difícil, mas nunca consideramos a possibilidade de desistir”, relembra Tony.

A essa altura, o estúdio já estava reservado para a gravação do disco Never say die! e era urgente que conseguissem um novo vocalista. Convidaram Dave Walker, mas Ozzy teve um momentâneo regresso e finalizou o álbum. “Para mim, Never say die! é muito excêntrico. Eu gostava de algumas faixas, mas acho difícil me identificar com o álbum por conta da maneira como ele foi criado. Foi um momento amargo para nós”, analisa o rock star.

A saída de Ozzy deu espaço para Ronnie James Dio, mas o empresário da banda na época, Don Arden, foi contra. “Ele não conseguia aceitar, só queria se fosse a formação original, aí insistiu: ‘nunca vai dar certo com o Ronnie! O vocalista do Black Sabbath não pode ser um anão!’. Isso era bem a cara de Don. No entanto, tivemos que impor um limite e continuamos com Ronnie”, relembra Tony.

Durante toda a história do Black Sabbath, foram muitas idas e vindas dos integrantes e Tony conta todas elas com riqueza de detalhes. O livro, por fim, é imperdível!

Iron Man - minha jornada com o Black Sabbath
Autor: Tony Iommi
Editora:  Planeta
Páginas: 400
Preço: R$ 39,90

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