Em Iron man, Tony Iommi fala de tudo aquilo que se espera ler na
biografia de um rock star: sexo, drogas, rock’n’roll, encontros memoráveis e,
claro, muita excentricidade.
Os
integrantes do Black Sabbath voltaram aos noticiários com força total nos
últimos tempos. Primeiro, o anúncio do fim do jejum de 21 anos sem show da
banda aqui no Brasil (eles se apresentam no país em outubro deste ano); depois,
o lançamento do disco 13,
que marcou o retorno do vocalista Ozzy Osborne depois de 35 anos longe do Black
Sabbath. Os fãs esperavam com tanto entusiasmo por esse disco que, rapidamente,
ele alcançou o topo da Billboard nos Estados Unidos. Há 43 anos um disco do
Black Sabbath não chegava lá. Mas nem todas as notícias foram boas. No início
de 2012, o guitarrista Tony Iommy foi diagnosticado com linfoma e ainda luta
contra a doença.
Tony é o
único integrante que permanece na banda desde a sua formação inicial, em 1969.
Nessa condição, se não protagonizou, testemunhou todas as histórias, sucessos e
fracassos do Black Sabbath. Portanto, ninguém melhor do que ele para falar como
foram os encontros, as brigas, os episódios envolvendo sexo, drogas e, claro,
muito rock´n’roll. E ele fez isso. Contou tudo em sua autobiografia intitulada Iron Man – minha jornada com o Black
Sabbath (Planeta, 400pp, R$ 39,90). O livro tem todos os elementos
que os fãs esperam ler sobre o seu ídolo: a formação do Black Sabbath, as
turnês insanas, os três casamentos, as bebidas, as drogas, as brigas, a criação
dos lendários riffs e as histórias mais malucas que se possa imaginar.
A
linguagem segue pelo mesmo caminho: é leve, informal, coloquial, divertida e
cheia de palavrões. O livro traz ainda um caderno de imagens coloridas que
ilustram desde a sua infância na Inglaterra até shows mais recentes.
Já no
início da biografia, Tony revela o que poucos fãs do Brasil sabiam: sua avó
paterna era brasileira. O Brasil, aliás, é cenário de alguns trechos do livro.
Tony relembra, com emoção, dos shows que fizeram em 1992 em São Paulo, Porto
Alegre e Rio de Janeiro: “os shows eram gigantescos. Foi meio louco. Houve um
show em que nos borramos de medo. A multidão se empolgou demais e começou a
invadir o palco”.
Foi em
São Paulo, nessa mesma turnê, que Geezer Butler (baixista) se embebedou no bar
do hotel onde estavam hospedados e se desentendeu, veja só, com uma grande
estátua de bronze que ficava no centro do saguão. “Quando bebe demais, Geezer
pode se tornar um tanto violento. No entanto, ele escolheu a pessoa errada. Não
dava para acreditar: o olho dele ficou inchado como um balão”, conta Iommi
sobre o episódio.
Já no
começo, o primeiro grande problema
Em 1965,
Tony tinha 17 anos e trabalhava em uma fábrica de chapas de metal. Foi quando
pintou a primeira grande oportunidade da sua vida: a sua nova banda, The Birds
& The Bees, tinha sido contratada para fazer uma turnê pela Europa.
Empolgado com o convite, Tony pediu demissão. No entanto, no último dia de
trabalho, um acidente quase aniquilou com os seus sonhos de se tornar um grande
guitarrista: por distração, Tony acionou uma enorme prensa industrial que
decepou a ponta de dois dedos da sua mão direita.
Para
muitos, esse fato deu a profundidade e o tom soturno que são característicos do
som do Black Sabbath. “Eu admito, dói para caramba tocar guitarra bem nos ossos
dos meus dedos decepados, e precisei reinventar meu estilo para me adaptar à
dor”, conta. Além disso, Tony criou, ele mesmo, um dedal feito de couro que o
ajuda muito a driblar a dor e a sua limitação. “É primitivo, mas funciona. Dá
muito trabalho fabricá-los e mais trabalho ainda tocar com eles, porque não dá
para sentir nada. Para que funcione, preciso praticar muito”, conta.
O Black
Sabbath
O embrião
do Black Sabbath foi a banda Earth, cuja formação era: Tony Iommi, Ozzy Osborne
(que Tony conhecia do colégio), Bill Ward e Geezer Butler. Com poucas semanas
de estrada, a banda abriu o show do Jethro Tull, que já fazia algum sucesso na
época. O visual, de acordo com o próprio Tony, não era dos melhores: “não tínhamos
dinheiro para termos uma boa aparência. Ozzy costumava andar descalço, vestia a
parte de cima de um pijama e um pedaço de couro em torno do pescoço”.
No livro,
Tony conta que já havia outra banda chamada Earth e, por isso, resolveram mudar
o nome. “A ideia de Ozzy era Jimmy
Underpass and the Six Way Combo. Que nome exagerado! Geezer sugeriu
Black Sabbath e simplesmente soou como um bom nome para se usar”, conta como
nasceu uma das maiores bandas de heavy metal de todos os tempos. O show de
estreia da banda com o nome de Black Sabbath foi no dia 30 de agosto de 1969,
em Workington.
O
primeiro grande sucesso veio quando o grupo entrou para o selo Vertigo Records
e lançou, no dia 13 de fevereiro de 1970, o álbum Black Sabbath, que alcançou a sétima colocação
na lista de maiores sucessos da Inglaterra na época.
Em 1977,
a banda finalizou a sua turnê mundial do álbum Technical Ecstasy e foi também o início do
fim de uma era com Ozzy Osborne. “Ozzy saiu da banda. Ele simplesmente não
queria mais participar. Foi um período muito difícil, mas nunca consideramos a
possibilidade de desistir”, relembra Tony.
A essa
altura, o estúdio já estava reservado para a gravação do disco Never say die! e era
urgente que conseguissem um novo vocalista. Convidaram Dave Walker, mas Ozzy
teve um momentâneo regresso e finalizou o álbum. “Para mim, Never say die! é muito
excêntrico. Eu gostava de algumas faixas, mas acho difícil me identificar com o
álbum por conta da maneira como ele foi criado. Foi um momento amargo para
nós”, analisa o rock star.
A saída
de Ozzy deu espaço para Ronnie James Dio, mas o empresário da banda na época,
Don Arden, foi contra. “Ele não conseguia aceitar, só queria se fosse a
formação original, aí insistiu: ‘nunca vai dar certo com o Ronnie! O vocalista
do Black Sabbath não pode ser um anão!’. Isso era bem a cara de Don. No
entanto, tivemos que impor um limite e continuamos com Ronnie”, relembra Tony.
Durante toda a história
do Black Sabbath, foram muitas idas e vindas dos integrantes e Tony conta todas
elas com riqueza de detalhes. O livro, por fim, é imperdível!
Iron Man - minha jornada com o Black Sabbath
Autor: Tony Iommi
Editora: Planeta
Páginas: 400
Preço: R$ 39,90
Autor: Tony Iommi
Editora: Planeta
Páginas: 400
Preço: R$ 39,90
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