* Fábio Luiz Cuberos
Alvo de um grande apagão no último mês de agosto, o Nordeste segue com o
nível dos reservatórios de suas usinas hidrelétricas extremamente baixo.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a situação dos
principais reservatórios da região é preocupante: menos de 25% da capacidade,
ou seja, a pior condição desde 2003 para essa época do ano, quando estava em
19%.
Para efeito de comparação, a região Sudeste/Centro-Oeste está com 44% da
capacidade de seus reservatórios preenchidos, enquanto a Norte tem 35% e a Sul,
91%. Por apresentar o nível mais baixo, o Nordeste recebe constantemente
medidas operativas emergenciais, com o objetivo de minimizar o risco de novos
“apagões” e, consequentemente, a possibilidade de haver algum tipo de racionamento.
A principal delas foi a ativação de usinas termelétricas, que, segundo
levantamento da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já implica um custo de R$ 8,6 bilhões ao
consumidor de energia.
A ativação das termelétricas, na verdade, é uma medida emergencial, porém
necessária, para que não vivamos situação similar à de 2001 e 2002, quando
grande parte dos brasileiros teve de reduzir o consumo de energia para não
enfrentar novos apagões. Desta vez, o problema para o usuário, ao menos por
enquanto, não é a falta de energia, mas sim o aumento no valor da conta a ser
paga. O processo é fácil de ser entendido: como o sistema de geração brasileiro
é constituído, em sua grande maioria, por usinas hidroelétricas, quando há
baixo nível de armazenamento de água as usinas termelétricas passam a gerar energia por meio da
queima de combustíveis (como gás natural e óleo); os combustíveis utilizados
por essas térmicas são mais caros do que o combustível utilizado pelas usinas
hidroelétricas (água); e essa diferença no custo será cobrada do consumidor, ao
longo dos próximos meses, na conta de energia elétrica.
A grande questão é que esse aumento poderia ser evitado se houvesse uma
melhor manutenção nos equipamentos da rede elétrica e um melhor planejamento na
expansão do parque gerador e das linhas de transmissão do sistema elétrico
brasileiro, sobretudo no Nordeste, região que, por coincidência ou não, mais
sofre com os “equívocos” de nosso sistema elétrico.
* Fábio
Luiz Cuberos é engenheiro eletricista e Gerente de Regulação e Back
Office do Grupo Safira
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