quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Governo aposta em transposições de rios, taxação de excessos e tratamento de esgoto para domar a crise hídrica

Em relação ao consumo urbano, a meta é ampliar a veiculação de campanhas sobre a importância do uso consciente da água
São Paulo, 06 de fevereiro de 2015 - O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Benedito Braga, se reuniu nesta sexta-feira (06/02) com empresários e jornalistas no seminário "A Crise Hídrica e seu Plano de Contingência", na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Braga explicou as ações já em execução e as planejadas pelo governo para controlar a crise hídrica no Estado de São Paulo.
O secretário expôs as condições atuais dos sistemas que abastecem o Estado e revelou as obras emergenciais que estão sendo feitas e as ações para médio e longo prazo. Os três pilares de ações nos quais a Secretaria se baseia para o combate das consequências da falta de chuvas são: conscientização da população, obras de transposição de rios para abastecer os principais sistemas e tratamento de esgoto para o consumo.
"Pretendemos, em curto prazo, ter uma forte redução no consumo. Em relação ao consumo urbano, vamos ampliar de maneira expressiva as campanhas de informação, explicar para a população a importância da redução de consumo e ampliaremos os instrumentos econômicos para a redução do consumo, oferecendo bônus para quem economiza e ônus para quem desperdiça", afirma Braga. No setor industrial, a secretaria pretende incentivar o reuso de águas e o uso eficiente do líquido potável.
No segmento agrícola, haverá combate às captações sem outorga de uso e incentivo às praticas de redução do consumo. Além dessas medidas, o governo já realiza obras de transposição de rios e riachos para abastecer os principais sistemas de distribuição do Estado. Com todas essas ações espera-se que os sistemas tenham aporte de 29,7 metros cúbicos de água.
O evento foi promovido pelo Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, presidido pelo professor José Goldemberg, que explicou a importância dos esclarecimentos da crise para o setor empresarial. "Os interesses do comércio acabaram se fundindo com os anseios da população. A falta de água impacta na vida das pessoas e, consequentemente, altera o consumo e o dia a dia do comércio. Os esclarecimentos são importante para se saber por onde devemos seguir e quais as melhores formas de poupar esse bem, que é a água", afirmou Goldemberg.
No início de fevereiro, a FecomercioSP divulgou o levantamento sobre o Custo de Vida por Classe Social (CVCS) na região metropolitana de São Paulo. A pesquisa revelou que a crise hídrica já compromete o orçamento do consumidor. Durante o ano passado houve aumento de 13,3% nos preços de água e refrigerante, enquanto o crescimento médio dos preços dos outros produtos registrou 6%. Além disso, estimativa elaborada pela FecomercioSP aponta que, em um cenário de agravamento da crise hídrica na capital paulista que afete o funcionamento dos estabelecimentos comercias, uma queda média de 5% nas vendas representaria uma perda diária de R$ 21 milhões no faturamento.
Para o diretor-executivo da FecomercioSP, Antônio Carlos Borges, a reunião realizada na sede da Federação serviu de importante canal para o governo informar os empresários e a população em geral sobre a situação da crise. "Os consumidores precisam saber claramente que essa crise é grave e que devem se adaptar para fazer melhor uso desse recurso tão precioso e caro para todos nós. Está aí um desafio com que nós paulistas teremos que lidar", afirmou.
Segundo o secretário, as medidas realizadas de fevereiro a novembro do ano passado ajudaram a evitar a retirada de 13,2 metros cúbicos de água, que representa 42% do sistema Cantareira - o mais atingido pela crise hídrica. "Houve a interligação dos sistemas para que ajudassem a abastecer a região como um todo. Fizemos campanhas para conscientização do uso da água, demos bônus para quem economizou e obtivemos uma redução de 4,1 metros cúbicos de água na Região Metropolitana de São Paulo."
Para os próximos anos, a Secretaria focará suas ações na gestão de demanda, investindo em equipamentos que poupam água, implantando a filosofia de captação de água e da redução dos recursos nas novas edificações do Estado; reformulará as tarifas; controlará as perdas; e promoverá o uso de água de reuso na indústria e nas edificações comerciais.
Sobre a FecomercioSP
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Congrega 155 sindicatos patronais e administra, no Estado, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A Entidade representa um segmento da economia que mobiliza mais de 1,8 milhão de atividades empresariais de todos os portes. Esse universo responde por 11% do PIB paulista - aproximadamente 4% do PIB brasileiro - e gera cerca de cinco milhões de empregos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário