A receita de serviços segue em alta no Brasil, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE de janeiro de 2015, mas cabem duas ponderações. A primeira diz respeito à metodologia do levantamento, que considera a receita dos estabelecimentos em termos nominais, ou seja, sem descontar a inflação registrada no setor. Desse modo, a avaliação do cenário real para as empresas precisa descontar os efeitos das altas de preços dos serviços prestados para uma análise realista.
Considerando o avanço da receita nominal nos 12 meses encerrados em janeiro de 2015 da ordem de 5,4% e a inflação média de serviços selecionados pela Fecomércio RJ, também de acordo com números do IBGE, acima dos 7,0% em igual período, percebemos que, na prática, o setor vivencia uma fase de retração. E aqui chegamos à segunda ponderação: ainda que no campo positivo e sob taxas nominais, o setor encontra-se em desaceleração.
Assim como no caso do comércio de bens, mesmo diante de dificuldades na economia, os serviços apontaram performance descolada da dinâmica doméstica nos últimos anos, o que não mais se verifica. A principal razão está no impacto da desaceleração econômica nas taxas de desemprego, a partir do quarto trimestre do ano passado.
Para 2015, as perspectivas seguem condizentes com um cenário de crescimento econômico baixo, desemprego e juros em ascensão, inflação persistente e confiança, portanto, reduzida, o que impedirá o setor de repetir os resultados positivos recentes. Com a maturação dos ajustes econômicos em curso, a partir da virada deste para o próximo ano, o setor terá condições de voltar a acelerar – tanto pela escala conquistada na última década, quanto pela demanda reprimida ainda reservada junto à população, sobretudo da base da pirâmide social brasileira.
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