O desempenho da economia brasileira em 2014 apontou variação de 0,1%, em linha com as expectativas de mercado. Como nas leituras anteriores do levantamento do IBGE, o avanço do setor de serviços sustentou o indicador no campo positivo – embora em desaceleração -, sob influência da massa salarial e das necessidades das famílias. O resultado geral adveio de variações de 0,7% nos Serviços, 0,4% na Agropecuária e -1,2% na Indústria. O PIB alcançou R$ 5,52 trilhões, enquanto o produto per capita ficou em R$ 27.229 – com queda (-0,7%) ante 2013.
A Despesa de Consumo das Famílias desacelerou em relação ao ano anterior, quando havia crescido 2,9%, e apontou alta de 0,9%. A massa salarial dos trabalhadores cresceu 4,1%, em termos reais, enquanto o crédito à Pessoa Física ficou estável. Com níveis baixos de confiança, influenciados pela inflação e pelo aperto monetário – via elevações da Selic -, associados à rigidez da produtividade, os investimentos das empresas e a tomada de crédito pelas famílias desaceleraram.
Embora os números sugiram impulso relativamente fraco para o desempenho doméstico neste ano, especialmente pela desaceleração dos investimentos, 2015 tem sido marcado por mudanças de rumo na Política Econômica. O objetivo é resgatar a credibilidade da Política Fiscal e a confiança dos agentes econômicos. Reconhecer a necessidade de ajustes que reequilibrem as contas públicas, conduzam paulatinamente as expectativas de inflação para o centro da meta do Banco Central (de 4,5%) e reduzam o custo Brasil é um passo fundamental. Com isso, os resultados ora colhidos poderão ser seguidos em breve por uma nova fase de crescimento, provavelmente a partir de 2016. O fato de o consumidor ter pisado no freio para não desequilibrar o orçamento também será positivo para a retomada prospectiva do crescimento, haja vista a preservação da adimplência.
Assim, a análise do resultado de 2014 passa pelos efeitos de inflação e juros em alta, como por questões específicas observadas na ponta da produção doméstica, que detiveram a evolução da produtividade nos últimos anos em sintonia com o crescimento do consumo das famílias. Dentre as atividades que compõem os Serviços, o Comércio sofreu queda de 1,8% no ano. Em compensação, os demais serviços acumularam crescimento, com destaque para Serviços de informação (4,6%), Atividades imobiliárias (3,3%) e Transporte, armazenagem e correio (2,0%).
Na comparação entre o quarto e o terceiro trimestre do ano passado, a alta geral foi de 0,3% e ante igual período de 2013, o resultado ficou em -0,2%.
Esta divulgação do Produto Interno Bruto marca a adoção de ajustes metodológicos por parte do IBGE, com atualização da série do Sistema de Contas Nacionais, em função de revisão de classificações econômicas, atividades e fontes de dados, algo coerente com a dinâmica de economias como a brasileira.
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