Pessoas
com diabetes são mais vulneráveis a desenvolver doenças periodontais,
como gengivite, e a enfrentar complicações devido a infecções. O risco é
ainda mais relevante nos pacientes que têm dificuldade em manter a
doença sob controle. De acordo com o cirurgião-dentista Artur Cerri, diretor da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas),
os quadros de gengivite costumam ser mais severos nos pacientes que não
controlam os níveis de açúcar no sangue e a ocorrência de perdas
dentárias também é mais frequente. “Quando um paciente diabético
controla a doença devidamente, as chances de desenvolver uma inflamação
ou infecção na gengiva são as mesmas que qualquer outra pessoa. O
problema é que muitos diabéticos passam por períodos de negligência da
doença, pondo em risco a saúde como um todo – principalmente em relação à
boca, aos olhos, ao coração e ao sistema nervoso”.
Cerri
explica que valores altos de glicose no sangue costumam engrossar os
vasos sanguíneos. Como são eles que levam oxigênio e nutrientes para os
demais tecidos do corpo, incluindo a boca, e se encarregam de levar
embora tudo o que é prejudicial ao organismo, ao engrossar esse
mecanismo se torna muito mais lento, diminuindo a resistência da gengiva
e do tecido ósseo, levando à infecção. “Outro ponto importante é que
muitos tipos de bactérias (germes) se multiplicam em açúcares, incluindo
a glicose – que é o açúcar ligado ao diabetes. Sendo assim, quando a
doença é mal controlada, altos níveis de glicose na saliva contribuem
para a proliferação desses germes, definindo um cenário ideal para a
gengivite. Daí a importância, também, desse paciente jamais descuidar da
higiene bucal”.
Tanto
para pacientes diabéticos, como não-diabéticos, é cada vez mais
importante que as pessoas percebam o quanto é fundamental ter uma boca
saudável. “Infelizmente, ainda é grande o número de pessoas que não
escova bem os dentes, nem com tanta regularidade quanto deveria. Pior
ainda, muitas têm sangramento persistente e negligenciam o fato, podendo
comprometer inclusive a estrutura que suporta os dentes e perdê-los.
Entre as doenças periodontais, a gengivite é a mais comum –
comprometendo grande parte da população. Trata-se de uma infecção que
vai se infiltrando no tecido gengival até atingir o osso. Não raro, a
pessoa se dá conta da gravidade do que está acontecendo somente quando
percebe que o dente amoleceu e está mais difícil mastigar alimentos
sólidos. Em muitos casos, o diagnóstico é dado junto com a sentença de
que o dente tem de ser extraído”, revela Cerri.
De
acordo com o especialista, além de buscar ajuda profissional para a
remoção do tártaro e das placas bacterianas, o paciente deve dar muito
mais atenção à higienização bucal – com escovações após as principais
refeições, uso de fio dental e bochechos ao longo do dia –, bem como
adotar hábitos que inibam o acúmulo de bactérias na boca, como ingerir
bastante líquido entre as refeições, se alimentar com frutas e legumes
que contenham mais água em sua composição (melão, melancia, maçã, pera,
pepino etc.), solicitar ao médico a substituição de determinados
medicamentos que eventualmente estejam contribuindo para ter a Síndrome
da Boca Seca, deixar de usar enxaguatórios bucais com álcool (que induz
ao ressecamento da boca) etc.
Artur
Cerri também chama atenção para os fatores de risco da gengivite –
doença que, além de acometer pacientes diabéticos, é muito mais
frequente em pessoas que estão atravessando períodos de variações
hormonais (gravidez, menopausa etc.), portadores de doenças crônicas,
idosos (que têm metade do volume de saliva na boca que um jovem costuma
ter) e fumantes. “Os efeitos nocivos do tabagismo, principalmente em
pessoas com doenças cardíacas e câncer, são bem conhecidos. Mas vários
estudos mostram que o tabagismo também aumenta as chances de desenvolver
gengivite. Na verdade, os fumantes têm cinco vezes mais probabilidade
do que os não-fumantes. Para os fumantes com diabetes, o risco é ainda
maior – podendo atingir uma propensão vinte vezes maior se o paciente
diabético for fumante e tiver mais de 45 anos”.
Para
preservar a saúde da gengiva, o especialista recomenda evitar alimentos
que induzam à hipossalivação (boca seca), reduzir a ingestão de
conservantes e açúcares, além de evitar também bebidas alcoólicas e que
contenham muita cafeína. “Embora isso tudo seja muito importante,
combater o tabagismo é ainda mais fundamental para evitar não só a
gengivite, bem como o câncer de boca – doença que deve resultar em mais
de 15 mil novos casos em 2016, acometendo uma mulher para cada três
homens”, diz o diretor da EAP/APCD.
Fontes:
Prof. Dr. Artur Cerri, diretor da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD – Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (www.apcd.org.br , www.eap.org.br)
http://www2.inca.gov.br/wps/
Nenhum comentário:
Postar um comentário