A
palavra ciúme, por si só, representa para as pessoas algo muito ruim, mas na
verdade trata-se de um sentimento causado pelo receio de perder o afeto de
alguém para outrem.
“Esse sentimento, desde que seja equilibrado e consciente pode até ser saudável para uma relação. No entanto, quando falamos em ciúme de um filho, aos olhos de terceiros, parece ser um sentimento mal administrado por quem o sente, principalmente no caso de ciúmes de um bebê”, explica a psicóloga Cynthia Boscovich.
É muito comum ouvirmos mães se queixando de que o parceiro sente ciúmes do bebê, mas também tenho escutado muito sobre comportamentos indiretos que denotam que alguns pais apresentam esse sentimento, porém de maneira inconsciente, pois até eles próprios o repudiam.
A chegada do bebê pode ser um momento muito especial na vida de um casal, vindo a coroar uma relação e configurando uma família. Entretanto, em alguns casos, parece que tudo o que foi desejado durante a gestação não ocorreu como programado, o que não significa que o bebê não foi planejado e desejado pelo pai.
O nascimento de uma criança mobiliza nas pessoas questões muito profundas que nem sempre são conscientes. Nesse momento, inevitavelmente, tais pessoas entram em contato com o bebê que foram um dia, e tudo o que isso representou em sua vida, considerando sua história, a relação com a mãe, lembranças conscientes ou inconscientes. A dinâmica do casal também sofre mudanças com a chegada do pequeno, sem levar em conta as mudanças do ambiente, até mesmo físicas, que se fazem necessárias para receber o rebento.
Se tudo correr bem, e se a mãe estiver em condições psíquicas saudáveis, a relação dela com o filho, nos primeiros meses de vida, se dará de maneira muito intensa, e os dois parecerão ser uma só unidade. Essa relação tão integrada, da mãe com o bebê nem sempre é bem administrada pelo parceiro e pode ser um dos motivos de discórdia e dificuldades do casal.
“O parceiro que consegue ter consciência desse sentimento é capaz de lidar melhor com tudo o que está vivendo. Contudo, muitos não se dão conta do que sentem e apresentam comportamentos bastante variados, como indiferença, raiva, angústia, negação. Sintomas depressivos também podem estar presentes, incluindo tristeza e ainda irritabilidade”, afirma a especialista.
O acompanhamento psicológico pode ser muito importante para que o pai tenha condições de entrar em contato com o que de fato está acontecendo consigo mesmo, porém, quando isso não for possível, devido à inconsciência de seus comportamentos, a companheira poderá ajudá-lo nesse processo, mostrando-lhe o que ela observa e sente em relação a ele. Entretanto, vale ressaltar que essa não é uma tarefa fácil, principalmente para a mulher que está vivendo um momento de muita integração com o filho e necessita de um ambiente que lhe dê suporte, para que possa desempenhar sua função materna com serenidade.
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