A obesidade
atinge todas as faixas etárias e é considerada hoje pela comunidade médica uma
epidemia mundial. De olho na alarmante situação verificada também no Brasil, a
Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), por meio de seu Departamento de
Saúde Escolar, tem atuado subsidiando o pediatra nas diversas demandas sobre
saúde escolar.
“Estamos
trabalhando na inserção do profissional da educação no debate sobre saúde
escolar conosco, bem como na atualização profissional dos pediatras”, revela o
dr. Fausto Flor Carvalho, presidente do Departamento de Saúde Escolar da
Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).
Um dos objetivos
é revertem os diversos fatores que têm levado à essa situação.
“Diante da maior
oferta de alimentos industrializados, ricos em calorias e com pouco equilíbrio
nutricional, precisamos promover uma conscientização para fatores como a
redução das atividades físicas na infância devido a mudanças sociais, como
urbanização, violência e trânsito, além do muitas vezes nocivo papel do
marketing nas mídias, com propagandas que atraem especificamente o público
infantil a produtos que deveriam ser evitados, como os doces, refrigerantes e
alimentos ricos em gorduras, entre outros.”
Para o dr. Rubens
Feferbaum, vice-presidente do Departamento de Nutrição da Sociedade de
Pediatria de São Paulo (SPSP), a
prevenção da obesidade deve começar na gestação e seguir nos
primeiros 2 anos de vida da criança: são os mil dias (270 da gestação + 730 dos
2 primeiros anos de vida) que constituem uma verdadeira janela de oportunidades
na prevenção dos distúrbios nutricionais.
“Esses cuidados devem
iniciar durante a gestação e no acompanhamento pré-natal, para que as mães
tenham uma nutrição adequada, evitando a restrição do crescimento do feto intra
útero e também para que a gestante não tenha excessivo ganho de peso. Durante
este período e após o nascimento, a mãe deve receber orientações corretas sobre
o aleitamento materno de preferência com um pediatra”.
Outro momento que
merece atenção, segundo o especialista, é a partir da oferta de alimentação
complementar à criança. “O pediatra tem aí a oportunidade de estabelecer um bom
comportamento na alimentação, para que não ocorra ganho de peso excessivo; a
prevenção é fundamental: crianças obesas tendem a se tornar adultos obesos.”
Para o dr.
Feferbaum, o pediatra é o
profissional central na prevenção e tratamento da criança obesa, bem como o elo
de ligação no caso de necessidade de encaminhamento para outros profissionais.
“Pode haver a indicação de consulta a
um nutricionista e também a psicóloga, pois uma alimentação inadequada pode
estar relacionada à ansiedade da criança e da família. Mesmo nestas situações,
o pediatra deve continuar acompanhando o paciente, para monitorar o crescimento
e o eventual surgimento de doenças relacionadas à obesidade, como a hipertensão
ou o diabetes tipo 2, por exemplo.”
Vida escolar
e saúde pública
Na opinião do dr.
Fausto Flor Carvalho, além do consultório médico, outros aspectos da vida da
criança estão diretamente relacionados à vida saudável.
“A escola é palco
importante da questão obesidade, por meio de atividades educativas para
crianças e familiares e trabalhos ligados à alimentação. O desenvolvimento de
uma horta comunitária, por exemplo, oferece subsídios para várias disciplinas
de ensino. Além disso, é importante que haja uma abordagem à questão da
aceitação do aluno obeso, evitando bullying.”
Obesidade no
Brasil
De acordo com a
Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2010, divulgada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 30% das crianças
brasileiras entre 5 e 9 anos de idade apresentam excesso de peso. O mesmo
problema acomete cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos, além de 48% das
mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos. Com a devida orientação do
pediatra sobre alimentação e vida saudável, é possível mudar esse quadro.
A POF tem
revelado um aumento de peso significativo nas crianças e adolescentes. Em
1974/1975, 10,9% dos meninos entre 5 a 9 anos de idade estavam com o peso acima
da faixa considerada adequada pela Organização Mundial da Saúde (OMS); em 1989,
eram 15%; o índice dobrou em 2008/2009 para 34,8%. Um padrão semelhante afetou
as meninas nesse período que, de 8,6% na década de 70, foram para 11,9% no
final dos anos 80, e chegaram aos 32% em 2008/2009. O aumento de peso em
adolescentes de 10 a 19 anos também foi contínuo: de 1974/1975 a 2008/2009, o
sobrepeso no sexo masculino foi de 3,7% para 21,7%, e no feminino de 7,6% para
19%.
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