Por que o país precisa de uma indústria forte de máquinas-ferramenta
* Alfredo Ferrari
Há
quase um século, o Brasil se projeta no mercado internacional como um
tradicional produtor de bens de capital incluindo máquinas-ferramenta.
Portanto, o país é detentor de uma vasta experiência na criação e
produção de máquinas e equipamentos de alta qualidade e desempenho,
competindo com os mais exigentes mercados internacionais.
Isso
é um fato. De outro lado, sabemos que a economia de um país não pode
depender, somente, da produção e exportação de seus produtos primários. A
sua riqueza está, além da exploração e comercialização de suas
abundantes commodities, na produção de bens duráveis que agregam valor,
por meio da aplicação de tecnologia e inovações.
Assim,
chamamos a atenção para o fato de a indústria de máquinas-ferramenta
brasileira estar capacitada para atender a quase totalidade das
necessidades de produção no país, com elevado conteúdo tecnológico.
Por
outro lado, essa indústria, também, conta com o fornecimento de
máquinas-ferramenta importadas, quer seja para atender picos de demanda
ou para suprir equipamentos com características não produzidas no país.
Neste último caso, existem os “ex-tarifários”, que desoneram as suas
importações. A importação de máquinas-ferramenta deve ser entendida como
um canal aberto, porém dentro de um ambiente econômico sadio, tendo
como base um câmbio justo e em condições comerciais isonômicas como
aquelas aplicadas nos países dos seus concorrentes internacionais.
A
demanda futura por máquinas-ferramenta da média e alta tecnologia no
país será enorme, uma vez que o seu parque de máquinas instalado conta
com uma idade média de aproximadamente 17 anos contra 5 a 8 anos nos
países altamente industrializados. Isto significa que os investimentos
das indústrias de manufatura no país serão muito intensos no decorrer
dos próximos anos.
Para
tal, o governo federal deve persistir no estímulo à modernização do
parque de máquinas no país, incentivando a sua indústria de bens de
capital, por meio de financiamentos, como a linha FINAME PSI do BNDES, e
da implantação de novos projetos, como o Modermaq, idealizado pela
ABIMAQ, para a substituição de máquinas-ferramenta sucateadas por novas
de moderna tecnologia e de alto rendimento. Com isso, obter-se-ão
maiores ganhos de produtividade, de qualidade e de rentabilidade, com
crescimento das exportações.
É
inadmissível imaginar-se um país de dimensões continentais gigantescas e
uma população com mais de 200 milhões de habitantes, como o Brasil, sem
uma indústria pujante de bens de capital e, em particular, de
máquinas-ferramenta. É uma questão de segurança nacional para um país
ter a sua própria indústria de máquinas-ferramenta, a fim de garantir a
manufatura de bens duráveis para o seu consumo e para as suas
exportações.
*
Alfredo Ferrari é engenheiro mecânico e vice-presidente da Câmara
Setorial de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura
(CSMF)
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