Projeto
premiado de terminal na Arábia Saudita pode servir de inspiração, diz arquiteto
especializado em aeronáutica
Mesmo com o pouco tempo que
resta até a Copa do Mundo, uma solução para o Terminal do Aeroporto de
Fortaleza, que não vai ficar pronto no prazo, pode ser duradoura, de bom gosto
e funcional. A afirmação é do arquiteto especializado em aeronáutica, Ernani
Maia, que repudia as ideias de “puxadinho” ou outros gastos com estrutura para
ser usada apenas como suporte na Copa do Mundo.
“Tenho ouvido falar em
terminal provisório, mas existem alternativas arquitetônicas que permitem
soluções rápidas e mais duradouras. Não se pode gastar uma fortuna só para um
curto período, é preciso pensar no legado.”
Segundo Maia, um terminal é
sempre uma grande cobertura e um dos recursos técnicos possíveis são as
estruturas de membranas tensionadas que permitem grandes projetos de
arquitetura temporária muito interessantes.
Um bom exemplo é o Aeroporto
Internacional King Adbulaziz, ao norte de Jeddah, na Arábia Saudita. Lá está o
Terminal Hajj, que graças à promimidade de Mecca, tem capacidade para acomodar
80 mil peregrinos ao mesmo tempo e conta com uma estrutura semelhante a de uma
tenda. O projeto foi premiado em 1983, dois anos depois de inaugurado, pela
solução brilhante, criativa e, ao mesmo
tempo, de grande beleza e elegância, especialmente por se valer do uso das membranas
tencionadas e criar uma relação estética com as cabanas utilizadas pelos povos
nômades do deserto.
“Um terminal aeroportuário é
de grande visibilidade, ainda mais em um campeonato mundial de futebol, não se
pode pensar em estender uma lona, ainda mais se é possível desenvolver algo que
seja mais bonito e até sustentável”, disse Maia. Para os banheiros, a solução
pode ser o uso de contêineres que ganha cada vez mais adeptos especialmente
pela reutilização de material e readequação de um passivo ecológico. “O desafio
está em criar algo que seja mais duradouro e com valor estético, bem como
estabelecer uma relação com as carcaterísticas culturais e climáticas",
defende.
Na arquitetura brasileira, o
melhor exemplo de construção efêmera está nas habitações indígenas, e existem
profissionais, como Severiano Porto, desenvolvendo ótimos projetos com uso de
madeira e sapê, material disponível e rápido para projetos na Amazônia.
“A arquitetura efêmera ou
transitória pode ser uma possibilidade excelente para inovações técnicas e
experimentações formais e estéticas, ao longo do tempo, grandes exemplos de
arquitetura temporária tornam-se ícones da arquitetura, um dos exemplos mais
conhecidos é o pavilhão alemão para a Feira Mundial de 1929
em Barcelona (também conhecido como Pavilhão Barcelona), um edifício projetado pelo arquiteto modernista Ludwig Mies van der Rohe”, disse Maia. Ele
lembra que o pavilhão foi
demolido no final da Feira, mas devido à importância para a história da arquitetura foi reconstruido no mesmo local, na década de 1980.
Quem é Ernani Maia
Ernani Maia, arquiteto
titular da Maia Projetos e Gerenciamento, desde 1993 atua em projetos de
arquitetura, coordenação e gerenciamento de obras com foco na área de aviação.
Entre os projetos desenvolvidos para o segmento aeronáutico estão o estudo
preliminar para Hangar de Produção da Helibras, em Itajubá (MG), o Centro de
Entrega de Aeronaves da Embraer, em São José dos Campos (SP), e os Hangares de
MRO em Gavião Peixoto e Sorocaba (SP), também da Embraer, entre vários outros.
Mais informações em www.maiaarquitetura.com.br
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