sexta-feira, 17 de abril de 2015

Gêmeos que fumam parecem mais velhos

Nem sempre os procedimentos estéticos podem sanar os danos do tabagismo. Se a pessoa acha que água, vitaminas e alguns cremes podem corrigir os danos causados ​​pelo cigarro, está enganada. Há alguns danos que realmente não podem ser reparados



Gêmeos que fumam apresentam um envelhecimento facial mais precoce, em comparação com seus gêmeos idênticos não fumantes, relata um estudo publicado no Plastic and Reconstructive Surgery®,jornal da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).

“O estudo revela diferenças significativas no envelhecimento facial entre gêmeos com história de tabagismo. Os resultados também sugerem que os efeitos do tabagismo sobre o envelhecimento facial são mais evidentes nos dois terços inferiores do rosto”, informa o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada (CRM-SP 62.735).

Envelhecimento facial em fumantes

Para realizar o estudo, os pesquisadores identificaram pares de gêmeos idênticos que diferiam apenas pela história de tabagismo. Em cada par analisado, um dos gêmeos era fumante e o outro não, ou um gêmeo era fumante há pelo menos cinco anos ou mais. 57 dos 79 pares de gêmeos estudados eram mulheres; a média de idade era de 48 anos.

Um fotógrafo profissional fez fotos de close-up padronizadas do rosto de cada gêmeo. Os participantes do estudo também responderam questionários, fornecendo informações sobre o histórico médico e o estilo de vida.

Sem o conhecimento dos gêmeos que tinham história de tabagismo, os cirurgiões plásticos analisaram as características faciais dos gêmeos, incluindo a classificação de rugas e de traços faciais relacionadas à idade. O objetivo foi identificar "componentes específicos do envelhecimento facial" que foram afetadas pelo fumo.

“Pontuações em várias medidas de envelhecimento facial foram significativamente piores para os fumantes. Os fumantes tinham mais flacidez das pálpebras superiores, bem como mais bolsas nas pálpebras inferiores sob os olhos. Gêmeos que fumavam também tinham escores mais elevados de rugas faciais, incluindo dobras nasolabiais (linhas entre o nariz e a boca) mais acentuadas, rugas nos lábios superiores e inferiores e bochechas caídas”, afirma o cirurgião plástico.

Fumantes parecem mais velhos

A maioria das diferenças relacionadas ao tabagismo afetou os terços médio e inferior da face. Havia menos diferenças no envelhecimento da face superior, tais como as linhas da testa ou os "pés de galinha", ao redor dos olhos.  Segundo Ruben Penteado, na maioria dos casos, os pesquisadores foram capazes de identificar o gêmeo fumante apenas com base nas diferenças de envelhecimento facial, avaliadas pelas fotografias. “Os pares de gêmeos foram semelhantes em outros fatores ambientais que podem afetar o envelhecimento facial, incluindo o uso de protetor solar, a ingestão de álcool e o estresse no trabalho”, conta o médico, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Os resultados mostram diferenças em vários marcadores de envelhecimento facial para gêmeos idênticos que diferem pela história de tabagismo. “Vale ressaltar que, mesmo nos pares de gêmeos em que ambos eram fumantes, uma diferença de cinco anos ou mais da duração do ato de fumar causou alterações visivelmente identificáveis ​​no envelhecimento da face. O estudo também forneceu pistas sobre os mecanismos celulares que causam o envelhecimento precoce em função do tabagismo, que podem ser diferentes para diferentes características faciais”, destaca o médico.

Danos à saúde e à aparência

Quando o fumante acende ou termina um cigarro, geralmente sente uma sensação de alívio. Mas essa ação tem o efeito oposto sobre os vasos sanguíneos, que se tornam imediatamente mais finos e sujeitos a espasmos. “Fumar reduz a circulação e diminui o nível de oxigênio no sangue. Qualquer substância que diminua o oxigênio no sangue vai afetar a pele. A diminuição de oxigênio e de circulação sanguínea causa o envelhecimento precoce e as rugas, que são particularmente pronunciadas em torno da boca. Com a circulação reduzida, o fumante também pode esperar má cicatrização como um dos efeitos colaterais mais óbvios do ato de fumar”, informa o cirurgião plástico.

Outro resultado direto de fumar é a liberação de radicais livres no organismo, o que dificulta a produção de colágeno. “A maioria dos cosméticos antienvelhecimento são indicados para combater os radicais livres. Ao fumar, a pessoa está liberando níveis mais elevados de radicais livres no corpo, aumentando ainda mais o dano oxidativo às células e acelerando o processo de envelhecimento da pele", explica Penteado.

A fumaça do cigarro também afeta a textura, a maciez e o brilho da pele, especialmente na área superior do lábio e no queixo. Ruben Penteado alerta para o fato de que nem sempre os procedimentos estéticos podem sanar os danos do tabagismo. “Se a pessoa acha que água, vitaminas e alguns cremes podem corrigir os danos causados ​​pelo cigarro, está enganada. Uma vez que o dano é visível, não há nenhuma solução rápida. São necessários diversos procedimentos para devolver o viço à pele e para remover as camadas superiores da pele morta e melhorar a produção de colágeno: microdermoabrasão, injeções de toxina botulínica, peelings químicos, tratamentos”, diz.

"Há alguns danos que realmente não podem ser reparados. Quanto mais tempo uma pessoa fuma, mais tempo vai levar para a pele se recuperar. Uma vez que a pessoa decida parar de fumar, são necessários cerca de 20-30 dias para se notar uma diferença na qualidade e na textura da pele. Mas as rugas e linhas finas não irão desaparecer naturalmente. Reverter os danos que já foram causados ​​exigirá intervenções estéticas", alerta o cirurgião plástico.

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